quarta-feira, 5 de junho de 2013

Tempranillo. ¡Hola! ¿Qué Tal?

Vc tem um vinho preferido? E a uva? Qual variedade da vitis vinifera mais tem conquistado um lugar especial em sua taça e sua adega?

Por Márcio Kill


 
Por volta do século XVI, a Espanha consolidou uma posição impar na expansão de suas fronteiras e na conquista do novo mundo. Reflexos da hegemonia hispânica de outrora ainda estão vivos na língua e cultura da América Latina. Já com relação a sua vitis vinifera símbolo, a uva Tempranillo, não se pode dizer o mesmo. Enquanto várias de suas parentes francesas, como a Cabernet Sauvignon, Malbec, Merlot et al., conquistaram o mundo da viticultura, reinando absolutas em terras onde nem mesmo os exércitos Napoleônicos ousaram chegar, a Tempranillo parece ter preferido aprofundar suas raízes em terras espanholas. A índole de conquista, entretanto, está tão presente nessa uva como no sangue dos desbravadores espanhóis do passado. Uma vez que para mim, pelo menos, os vinhos de Tempranillo tem conquistado um lugar especial.

Recentemente, tive a oportunidade de brindar o Los Molinos (100% Tempranillo). Coloração leve, quase um rose; no nariz uma explosão de aromas frutados, quase lembrando um Pinot Noir, o que me fez lembrar a fala de alguns MW - Masters of Wine - que dizem ser a Tempranillo um “meio do caminho entre a Cabernet Sauvignon e a Pinot Noir”. Na boca, condizente com sua exuberância olfativa, Los Molinos tem um final relativamente persistente, se levarmos em consideração sua leveza no visual.

A degustação deste espanhol me relembrou também o famoso “Toro Loco” e a “Batalha dos Tempranillos”, assunto de um de meus primeiros posts (relembre). Talvez esteja aqui uma bela oportunidade de colocarmos novamente os dois conterrâneos ibéricos para se degladiarem nas taças. Tenho certeza que esta será mais uma batalha somente com vencedores.

Tempranillo deriva de “temprano”, (cedo, em espanhol). Ouso imaginar que esse batismo seja em função do amadurecimento precoce dessa uva. Entretanto, vale lembrar que como ocorre com outras uvas, nossa “frutinha do cedo” também se apresenta com outros nomes como, por exemplo, Cencibel, Aragonez, Tinta Roriz, Tinto del Pais, Ull de Llebre, e por ai vai... e fica a dúvida se ela mantém suas qualidades e o seu poder de conquista mesmo sob codinomes tão inusitados.

Minha completa rendição a esse patrimônio nacional da Espanha se confirma no crescente número de rótulos de Tempranillo, (e algumas de suas companheiras de corte), que tenho tido o prazer de conhecer. Alguns dos vinhos recém degustados foram o “Marques de Arienzo”: espetacular! um vinho memorável que merece um post só para si. Também bebi o “Marco Real”, que apesar de ser um produtor de Navarra, a mesma do excelente “Mirador de la Sierra”, exagerou um pouco na acidez e, por isso, deixou a desejar. Da mesma forma, o celebrado “Antaño” crianza (vinho de corte com outras variedades típicas da região de Rioja) me deu a impressão de um leve sabor “foxado”, (lembrando nossos velhos vinhos de garrafão, feitos a partir de uvas americanas, não viníferas). O pouco expressivo “Artevin” (corte com Garnacha) e outros mais.

Como se pode concluir, nem todos esses vinhos representam o pleno esplendor de “la Furia”, mas certamente, cada um deles contribuiu muito para o desenvolvimento de minha sensibilidade enológica e meu aprendizado geral no mundo dos vinhos.

Todos os vinhos aqui citados estão na faixa de preço bem modesta. Enquanto não conquisto um Vega Sicilia (ou sou conquistado por ele), ficam aí boas sugestões de vinhos espanhóis feitos com um de seus grande legados à enologia: sua maior uva típica nacional, a Tempranillo.

Hasta la vista, baby!!!

6 comentários:

  1. Minha uva predileta continua sendo a Pinot Noir, de solo francês. (E acho que o será pelo resto da minha vida, a considerar minha idade...!)
    Mas já provei uns dois ou três vinhos feitos com Tempranillo e os achei "aceitáveis". Eu colocaria essa uva junto com a Merlot e a Syrah, em um segundo patamar do meu ranking enófilo.

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  2. Oi, Mona,
    Que prazer receber sua visita aqui no blog!
    Realmente, a Pinot Noir é um espetáculo, mas como falei, acabei me dando conta que cada vez mais, tenho gostado muito de vinhos de Tempranillo.
    Aliás, estou pra beber uma uva da qual não goste...
    Abraços

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  3. Kill, boa tarde. No 5ºsalão internacional do vinho no ES, que foi um sucesso, a procura por uvas diferentes foi muito grande e um RIESLING Alemão de nome DEINHARD fez um barulho muito grande no meu estande, principalmente para quem gosta de sol forte, praia, barco e estas coisas boas.
    Que movimento é este??
    Abraços e parabéns pelo blog.
    Pizzol
    Cantu Importadora

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  4. Kill,
    Obrigada por sua visita! Seja sempre bem vindo.
    Nilce

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  5. Olá, Márcio.
    Se eu tivesse que escolher apenas uma única uva, ela seria a malbec. Quem bebe vinho há muito tempo, tende a implicar um pouco com esta casta, mas eu continuo gostando muito.
    Apesar de gostar da malbec, não tenho um único vinho como preferido. O bom deste mundo é que existe uma oferta muito grande e sempre existe algo novo a ser provado.
    Um abraço,
    Rafaela

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  6. Oi, Rafaela,
    Obrigado por sua visita! Concordo contigo. Que bom que a diversidade no universo dos vinhos é tão grande!
    Um abraço e um brinde!

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