Vc tem um vinho preferido? E a uva? Qual variedade da vitis vinifera mais tem conquistado um lugar especial em sua taça e sua adega?
Por Márcio Kill
Por volta do século XVI, a Espanha consolidou uma posição
impar na expansão de suas fronteiras e na conquista do novo mundo. Reflexos da
hegemonia hispânica de outrora ainda estão vivos na língua e cultura da América
Latina. Já com relação a sua vitis
vinifera símbolo, a uva Tempranillo, não se pode dizer o mesmo. Enquanto
várias de suas parentes francesas, como a Cabernet Sauvignon, Malbec, Merlot et
al., conquistaram o mundo da viticultura, reinando absolutas em terras onde nem
mesmo os exércitos Napoleônicos ousaram chegar, a Tempranillo parece ter
preferido aprofundar suas raízes em terras espanholas. A índole de conquista,
entretanto, está tão presente nessa uva como no sangue dos desbravadores
espanhóis do passado. Uma vez que para mim, pelo menos, os vinhos de
Tempranillo tem conquistado um lugar especial.
Recentemente, tive a oportunidade de brindar o Los Molinos
(100% Tempranillo). Coloração leve, quase um rose; no nariz uma explosão de
aromas frutados, quase lembrando um Pinot Noir, o que me fez lembrar a fala de alguns
MW - Masters of Wine - que dizem ser
a Tempranillo um “meio do caminho entre a Cabernet Sauvignon e a Pinot Noir”.
Na boca, condizente com sua exuberância olfativa, Los Molinos tem um final
relativamente persistente, se levarmos em consideração sua leveza no visual.
A degustação deste espanhol me relembrou também o famoso
“Toro Loco” e a “Batalha dos Tempranillos”, assunto de um de meus primeiros
posts (relembre). Talvez esteja aqui uma bela oportunidade de colocarmos novamente
os dois conterrâneos ibéricos para se degladiarem nas taças. Tenho certeza que
esta será mais uma batalha somente com vencedores.
Tempranillo deriva de “temprano”,
(cedo, em espanhol). Ouso imaginar que esse batismo seja em função do
amadurecimento precoce dessa uva. Entretanto, vale lembrar que como ocorre com
outras uvas, nossa “frutinha do cedo” também se apresenta com outros nomes
como, por exemplo, Cencibel, Aragonez, Tinta Roriz, Tinto del Pais, Ull de
Llebre, e por ai vai... e fica a dúvida se ela mantém suas qualidades e o seu
poder de conquista mesmo sob codinomes tão inusitados.
Minha completa rendição a esse patrimônio nacional da
Espanha se confirma no crescente número de rótulos de Tempranillo, (e algumas
de suas companheiras de corte), que tenho tido o prazer de conhecer. Alguns dos
vinhos recém degustados foram o “Marques de Arienzo”: espetacular! um vinho
memorável que merece um post só para si. Também bebi o “Marco Real”, que apesar
de ser um produtor de Navarra, a mesma do excelente “Mirador de la Sierra”, exagerou
um pouco na acidez e, por isso, deixou a desejar. Da mesma forma, o celebrado “Antaño”
crianza (vinho de corte com outras variedades típicas da região de Rioja) me
deu a impressão de um leve sabor “foxado”, (lembrando nossos velhos vinhos de
garrafão, feitos a partir de uvas americanas, não viníferas). O pouco
expressivo “Artevin” (corte com Garnacha) e outros mais.
Como se pode concluir, nem todos esses vinhos representam o
pleno esplendor de “la Furia”, mas certamente, cada um deles contribuiu muito
para o desenvolvimento de minha sensibilidade enológica e meu aprendizado geral
no mundo dos vinhos.
Todos os vinhos aqui citados estão na faixa de preço bem
modesta. Enquanto não conquisto um Vega Sicilia (ou sou conquistado por ele),
ficam aí boas sugestões de vinhos espanhóis feitos com um de seus grande
legados à enologia: sua maior uva típica nacional, a Tempranillo.
Hasta la vista, baby!!!
Minha uva predileta continua sendo a Pinot Noir, de solo francês. (E acho que o será pelo resto da minha vida, a considerar minha idade...!)
ResponderExcluirMas já provei uns dois ou três vinhos feitos com Tempranillo e os achei "aceitáveis". Eu colocaria essa uva junto com a Merlot e a Syrah, em um segundo patamar do meu ranking enófilo.
Oi, Mona,
ResponderExcluirQue prazer receber sua visita aqui no blog!
Realmente, a Pinot Noir é um espetáculo, mas como falei, acabei me dando conta que cada vez mais, tenho gostado muito de vinhos de Tempranillo.
Aliás, estou pra beber uma uva da qual não goste...
Abraços
Kill, boa tarde. No 5ºsalão internacional do vinho no ES, que foi um sucesso, a procura por uvas diferentes foi muito grande e um RIESLING Alemão de nome DEINHARD fez um barulho muito grande no meu estande, principalmente para quem gosta de sol forte, praia, barco e estas coisas boas.
ResponderExcluirQue movimento é este??
Abraços e parabéns pelo blog.
Pizzol
Cantu Importadora
Kill,
ResponderExcluirObrigada por sua visita! Seja sempre bem vindo.
Nilce
Olá, Márcio.
ResponderExcluirSe eu tivesse que escolher apenas uma única uva, ela seria a malbec. Quem bebe vinho há muito tempo, tende a implicar um pouco com esta casta, mas eu continuo gostando muito.
Apesar de gostar da malbec, não tenho um único vinho como preferido. O bom deste mundo é que existe uma oferta muito grande e sempre existe algo novo a ser provado.
Um abraço,
Rafaela
Oi, Rafaela,
ResponderExcluirObrigado por sua visita! Concordo contigo. Que bom que a diversidade no universo dos vinhos é tão grande!
Um abraço e um brinde!