Vocês lembram de alguns filmes dos anos 80? "The Evil Dead"; "A Casa do Espanto"; "O Exorcista"... todos clássicos filmes de 'terroir'! E olha que eu curto bem mais um bom drama ou uma boa comédia! Filme de 'terroir' faz a gente imaginar coisas...
Por Márcio Kill
espiritovinho@gmail.com
Por Márcio Kill
espiritovinho@gmail.com
Imagine a cena: sala de reuniões
de um projeto do qual eu participava. Durante uma pausa para o pessoal
do planejamento (ou seria de tubulações?) atualizar dados em uma planilha,
inicio um papo informal com um dos funcionários da empresa cliente e a conversa
acaba “fluindo” para o assunto vinho. Falo sobre o ESPírito Vinho e ele me diz
que seu sogro é um entusiasta do assunto e me pergunta o que é “terroir” – termo que já ouvira diversas
vezes. Antes que eu pudesse declinar qualquer explicação enochata, como que
inspirado pelo “Espírito Vinho”, me vem à boca uma definição curta e grossa: “’terroir’ é toda contribuição que a Mãe
Natureza dá para que cada vinho seja único”! Mas será que é só isso mesmo?
Na definição dada por Anselmo
Endlich, diretor executivo de um e-commerce de bebidas, benchmark no setor, “’terroir’
é todo o ecosistema que faz parte da produção do vinho. Tudo que um vinho
precisa ter para ser produzido” [i]. Se
perguntado a esse respeito, um paranaense
amigo meu responderia sem pestanejar: “’Terroir’ é tereno, daí!” Já
Maya, personagem do filme “Sideways”, um clássico entre os filmes que falam de
vinhos, de forma mais poética e implícita, tem uma abordagem holística do
conceito expandindo-o para incidência de sol e chuva na época da colheita das
uvas e até a uma lembrança carinhosa das pessoas que cuidaram das vinhas.
A inclusão ou não do fator humano
na definição de terroir ainda é polêmica. O que já é ponto pacífico entre
enófilos, enólogos e outras criaturas de Baco é que simplesmente “terreno” não
é suficiente para explicar “terroir”.
Vamos tomar o “caminho da roça” e tentar
entender melhor esse termo de origem francesa. De modo geral, a uva precisa de
uma afinada mistura de sol e frio para formar os açúcares que serão convertidos
em álcool na fermentação. Apesar de tratada como um tesouro, (pelo menos
deveria ser), a videira, mãe de bons vinhos, tem que trabalhar duro para
conseguir água e dividi-la sabiamente entre seus cachos. Imagine, então, um
terreno (vinhedo) com uma boa insolação e um “morrinho aqui, outro alí” que
permitam que as videiras de um dos lados recebam ainda mais luz e calor e que a
água tenha boa drenagem. Imagine que essa plantação esteja em uma área de
relativa altitude, com tendência a clima mais ameno, principalmente à noite. Considere
ainda que todo este cenário receba a influência de determinados ventos; ou que
talvez esteja protegido deles. Poderíamos incluir também as particularidades e
objetivos do enólogo, as influências de um “flying winemaker”[ii] além de
incontáveis outros fatores. Continuaríamos por páginas e páginas com o
exercício de imaginação e cada fator visualizado resultaria em alguma diferença
no produto final: o vinho em nossas taças. Isso é "terroir"! Mas será que é só isso
mesmo?
[i]
Fonte: Fórum E commerce 2011 - Case Wine.com.br.
[ii]
Enólogos contratados como consultores por diversas vinícolas para o
desenvolvimento de vinhos especiais. Como acabam tendo que “correr o mundo”
para atender clientes de todos os continentes, ganham o apelido de “voadores”.
Um dos mais conhecidos é o Francês Michel Rolland.
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